A partir de 1944, o mundo entrou em uma nova era financeira com o estabelecimento do regime de Bretton Woods, um sistema que funcionava como um padrão-ouro parcial. Neste arranjo, o dólar americano era lastreado em ouro, com uma cotação fixa de US$ 35 por onça-troy, enquanto as demais moedas do mundo eram lastreadas no dólar.
A estabilidade do sistema de Bretton Woods dependia da confiança de que os Estados Unidos não emitiriam mais dólares do que poderiam lastrear com suas reservas de ouro. No entanto, durante a década de 1960, com os custos crescentes da Guerra do Vietnã, os EUA começaram a imprimir dólares em excesso para financiar o conflito.
Esse aumento na emissão de dólares gerou desconfiança entre outras nações sobre a capacidade dos EUA de manter a conversibilidade do dólar em ouro na taxa estabelecida. A França foi a primeira a questionar essa confiança. Com grandes reservas de dólares e ouro armazenadas nos EUA, o presidente Charles de Gaulle decidiu converter seus dólares em ouro devido à crescente inflação e à emissão desenfreada de dólares.
Em 1968, a França enviou um navio de guerra para Nova York com a missão de repatriar seu ouro. Este ato simbólico e econômico foi um duro golpe para os Estados Unidos, indicando uma séria perda de confiança no dólar como moeda de reserva global. A França conseguiu repatriar seu ouro, intensificando a crise de confiança no sistema.
Seguindo o exemplo francês, a Alemanha também decidiu repatriar suas reservas de ouro. Este movimento exacerbou a crise, levando os EUA a tomar uma decisão drástica: romper com o sistema de Bretton Woods. A crise francesa de 1968 foi o catalisador final para o colapso do sistema.
Finalmente, em 15 de agosto de 1971, durante o governo Nixon, o padrão-ouro foi oficialmente abandonado, encerrando o último vínculo entre as moedas nacionais e um ativo realmente escasso ? o ouro. A partir desse momento, nenhuma moeda fiduciária possuía mais lastro, permitindo que cada país imprimisse seu dinheiro conforme desejasse.
Esse marco histórico transformou profundamente o sistema financeiro global, dando início à era das moedas fiduciárias sem quaisquer lastros.
E aí você confia nas moedas fiduciárias?